quinta-feira, 19 de março de 2015

No espelho


Vejo-me no espelho
a retirar a maquiagem.

Rio dos  olhos tímidos
e cansados da própria
imagem.

Rio na sombra
da paisagem.

No espelho,
vejo a largura
das margens.


 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Poemas revistos e ampliados

Drummondiano

Deito-me no leito das favelas.
Descanso o corpo nos sofás
das mansões.

Sim, Carlos!

O fraterno amor tem valimento
na conjugação dos verbos e na
boca silenciosa dos homens.

Acima da razão, o amor é:
rubi,  esmeralda, diamante;

Nos seus contratos,
só  encontramos palavras
 de sonho e vento.

Entre tantas frases,
somamos mais esta:

O amor é perfume
e goma nos dentes.

Renovam-se as folhas.
Giram no espaço
as rodas do mundo. 

Setembro

Setembro nasceu.
As margens frias,
Nervosas e plácidas,
Unem-se as águas
dos rios e às folhas. 
 
Homens enfeitaram-se
pondo nos cabelos
Pétalas de margaridas.

Galgando alturas,
Mulheres valsaram
Na luz das estrelas
Sonhando detê-las
Nas linhas das mãos. 

Ah, setembro!

Nenhuma gota de lágrima
Caiu dos meus olhos
Molhando poemas.

Setembro.
Semente de todas as frutas,
Pétala de todas as rosas,
Símbolo de todas as lutas.

O mar flutua nas mãos.
na passagem dos  dias.




Reflections

Minha alma mergulha
Além dos meus olhos.
Soletro palavras...  
        
Fecho os parágrafos
Da história humana.

Recolho-me.
 Ouço sermões e parábolas.
Tudo é vago e vazio...
 
Falta-me coragem
 para dizer do amor.

Encontro no caminho
Escudos secretos e 
solto o meu grito:
Amo! Amo! Amo!
 
E agora?
O que dizer quando
Demônios e deuses,
namoram nas ruas?

Pronúncia

Pronunciei teu nome
Com todas as forças.
Fiz ofertas ao deus do vento
O impulso da minha paixão.

Todas as sílabas os tufões
Deixaram nas garras dos tigres,
na  boca dos leões.

Pronunciei teu nome.
Os lábios estavam trêmulos,
Sopravam a saudade
Do calor de abraços
E dos sonetos inspirados
Nos passos  errantes.

Adormeci...

Nos meus sonhos fugias
E sentias palavras
ferindo a alma.
 
Teus pecados
perderam as cores
em pedaços jogados
no chão.


Eu despertei.

Pedaços

Um caco de vidro na mesa,
um beijo ferindo os lábios.
Agoniza um corpo cortado
a perder sangue e  sal.

A dor é marcada num grito:
- Sou teu primeiro amor.
A única flor nos teus olhos.

Foi a inspiração
 do primeiro verso,
depois do abraço.

A sombra e a pedra,
  o calo nos pés.

O corpo  em pedaços
perdia-se nos passos,
nas cores e ritmos
das festas nos quintais.


Mergulho


Mergulhar
no fundo
poço


ver o rio
derramado

 no mar.


Mergulhar
no pranto
da multidão.

Ver claridade
na escuro

da solidão.

Ouvir o som
das águas

sem réguas
tingir a alma
de rosa/azul.

Ouvir a música
de cada dia e
flutuar na mão
dos homens.



A Minha Verdade

A minha verdade é absoluta.
Outras verdades cabem nas meias
compradas para ir à missa.

À distância, palavras seguem
 a cauda dos cometas.

Mergulho poemas dispersos
na chuva e na poeira das ruas.

 Fixo a boca nos rótulos
 das latas de tinta, sopro
centenas nas páginas do mundo.

Procuro no espaço
sermões e discursos.

Deus & filhos dormem lá em casa.
Espanto mosquitos com palha e seda.

A minha verdade soa no infinito.
Ouve atentos, os santos mais altos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

É proibido



É proibido lutar.
A luta exige sangue.
Nele encontramos
certezas e dúvidas.

Teus sonhos exalam
 um líquido amargo.

É proibido:
beijar em público,
soltar a cintura
e desenhar flores
nos muros.

É proibido amar
sobre as águas.

Nos mares, lagos
e rios, o corpo
é limpo e livre.

Aviso


A porta é estreita
às almas pregam 
a paz e a liberdade
do amor.

Voo

Solte todas as cores 
nas cinzas do mundo.

Vamos tirar a ferrugem
dos trilhos urbanos?

Mude o tempo de ser
e viver um longo carnaval.

Os poemas inspirados
são aves que voam direto
de Belo Horizonte.

Em silêncio descrevem
as noites de  New York
Berlim e Paris. 

Amo ursos de pelúcia
comprados na China
e gravo teu nome
nas pedras do Rio.



É proibido lutar.
A luta exige sangue.
Nele existem:
 certezas e dúvidas
e hora exata beer
o líquido amargo.

É proibido beijar
e soltar o corpo e
desenhar flores
nos muros.

No mar, no lago
dan o corpo

Minha alma

Minha alma,
rio cristalino,
sangra amor.

Sempre choro,
quando morre
uma ave,
uma flor.

Num canto,
passa a saudade.
Apago a tua dor.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vestidos ao Sol

poemas celebram a calma das manhãs.
descrevem nuvens, passam paisagens.


moças felizes
bordam vestidos
ao sol.

poetas deslizam nas águas dos rios.
desviam-se na escala dos temores.

tocam tambores, dançam na chuva,
contam nos dedos a hora das flores.



sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O Equilibrista

Um equilibrista
nos fios do sol
da manhã,

lambe pastilhas
de mel e hortelã.

Beija e abraça
a moça catalã,

canta e assobia
em nuvens de lã.